terça-feira, 26 de junho de 2007

Vale a pena recordar

"Terminou felizmente com a entrega dos navios ao domínio do governo a revolta de parte da nossa marinhagem na baía do Rio de Janeiro. Não obstante a terrível trucidação de alguns dos nossos oficiais de marinha e outros danos causados, não há como negar que os pobres marinheiros desesperaram, por insuportáveis, com os rigorosos castigos que lhes eram inflingidos a bordo, deprimentes do caráter humano e atentatórios dos princípios de humanidade, liberdade e justiça, garantidos pelas nossas leis disciplinares. São sempre assim os abusos do poder e autoridade, acabam por desorientar a razão e transformar o homem em fera. Foi-lhes concedida a anistia pelo Congresso como a condição sine qua non da rendição. De outra forma não poderiam de fato os revoltados se entregarem a menos que saíssem de bordo, presos em flagrante, para as prisões militares. Só anistiados poderiam os oficiais com eles se entender sem quebra do respeito à lei. A quantas humilhações mais desta natureza não nos levará o espírito de indisciplina reinante hoje em todas as classes?"


Rio de Janeiro, O Democrata, 4 de dezembro de 1910.

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