quinta-feira, 28 de junho de 2007

Vale a pena recordar

CIA : China mandou dinheiro para Brizola!
Agência de inteligência dos EUA diz que governo comunista apoiou planos de guerrilha do gaúcho

RODRIGO LOPES - Zero Hora

Entre as mais de 11 mil páginas de um calhamaço de 147 documentos liberados pela CIA na terça-feira estão revelações de como a agência de inteligência dos EUA analisava a tentativa do ex-governador gaúcho Leonel Brizola de voltar ao Brasil, após o golpe militar de 1964 e o exílio no Uruguai. Em um dos documentos, a CIA diz que o trabalhista havia recebido dinheiro do governo comunista da China para dar início a ações de guerrilha no sul do Brasil.

Era 1965, um ano depois do golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, Brizola, cunhado de Jango, estava exilado no Uruguai. Na página 160 do documento intitulado A Disputa Sino-Soviética dentro do Movimento Comunista na América Latina, a CIA diz: "Em meados de 1965, Leonel Brizola buscou apoio chinês através da embaixada da China em Paris, por meio de um assessor, Paul Schilling, que pode, de fato, ter visitado Pequim".

documento é cheio de imprecisões - o "Paul" citado no texto é, na verdade, o também gaúcho Paulo Schilling, exilado político, amigo de Brizola e pai de Flávia Schilling, que de 1972 a 1984 esteve presa pela ditadura uruguaia em um dos casos mais rumorosos envolvendo um cidadão brasileiro vítima da Operação Condor - a união dos regimes militares do Cone Sul para caçar militantes de esquerda além das fronteiras nacionais.

O documento da CIA continua: "Meses depois (do suposto pedido de ajuda de Brizola à China), fontes clandestinas confiáveis dizem que os chineses deram a Brizola algum apoio financeiro para iniciar operações de guerrilha nos Estados do sul do Brasil, e prometeram mais depois do sucesso das ações de guerrilha". Porém, segundo a CIA, em 1966 o interesse chinês teria esvaído. Por isso, Brizola teria passado a receber ajuda do Partido Comunista cubano, de Fidel Castro.

Ontem, em entrevista por telefone a Zero Hora, Schilling, que vive em São Paulo, confirmou ter visitado Pequim na década de 60. Porém, negou ter intermediado ajuda financeira junto à embaixada chinesa em Paris.

- Nem sei onde fica a embaixada da China em Paris - afirmou.

Hoje com 81 anos, Schilling também negou ter negociado apoio financeiro durante a visita a Pequim. O gaúcho, porém, não quis especificar o motivo da viagem:

- Confirmo que estive em Pequim. Mas não por causa de dinheiro. A China não era de dar dinheiro.

O documento de 187 páginas analisa ainda a competição entre os partidos comunistas soviético, chinês e cubano para influenciar grupos de esquerda na América Latina de 1963 a 1967. Segundo a CIA, havia um "dramático crescimento da influência do Partido Comunista Chinês" no continente.

Na página 96, a agência confirma o apoio de Fidel a Brizola. Destaca que essa ajuda motivava desavenças entre o líder trabalhista e o PC brasileiro. O documento cita uma conferência em Havana, em janeiro de 1965. Em seguida, analisa uma suposta fala do líder do PC Giocondo Dias, que teria reclamado da ajuda castrista ao político gaúcho:

"Pelo menos um partido do continente reconhece que a conferência não resultou em mudanças fundamentais nas intenções cubanas de continuar apoiando interesses latino-americanos na revolução violenta. Em maio de 1965, Jiocondo (sic) Alves Diaz, número 2 do PCB brasileiro, admitiu isso e reclamou do apoio de Castro a Lional (sic) Brizola, um radical esquerdista e ex-deputado federal no exílio no Uruguai, que estava planejando uma invasão na região sul do Brasil."

Os documentos foram divulgados na terça-feira juntamente com as chamadas "jóias da família" - uma relação de operações ilegais da CIA durante a Guerra Fria.

Um comentário:

sergio disse...

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